sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A inércia e seus resultados nefastos afrontados pelo frescor juvenil revestido de cidadania e esperança



Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS

A inércia e seus resultados nefastos afrontados pelo frescor juvenil revestido de cidadania e esperança


Tentar dizer que dias sombrios não englobam o contexto social brasileiro, não pertencendo as elites que os instigam, é desconhecer a natureza das relações humanas em seu ethos coletivo.
A historicidade brasileira nos fornece uma ampla gama de subsídios que explicam com profundidade muito dos aspectos reacionários, misóginos, machistas, homofóbicos e outros que se embricam no pensamento coletivo atingindo grande parte da população tão vilipendiada por esses extremismos.
Numa sociedade tão desigual, como a brasileira, a construção social de políticas públicas e inclusivas, a construção e manutenção de um pensamento crítico, a qualidade básica em serviços públicos, perpassam por um contexto de atitudes políticas tanto do estado, como da própria sociedade civil.
O longo inverno da ditadura militar, deixou ossadas em cemitérios clandestinos bem como um legado ruim em termos de educação que a cada ano que passa é mais desmerecida e vulnerabilizada e em função disso, muito dos avanços sociais foram lentamente implementados, visto que é difícil dialogar e democraticamente convencer políticos com um viés heteronormativo e que na sua maioria são brancos, ricos e representantes do poder vigente. Mesmo assim uma parcela da sociedade civil lutou e continua lutando para amenizar os constantes cavalos de troia  propostos por quem esta no topo da pirâmide.

“As sociedades humanas sempre se encontram em permanente transformação, por mais “estáveis” ou “estáticas” que elas pareçam ser.” (Florestan Fernandes)

Diante de um governo que teve a sua ascensão ao poder de forma tão conturbada e desrespeitosa com a maioria dos votantes, era questão de dias para uma enxurrada de medidas, mais do que rigorosas, na verdade medidas controversas e cruéis em todos os sentidos.
A PEC 241, o corte no ponto dos servidores públicos que estejam em greve, a iniciativa da Lei da Mordaça, o apoio as atividades truculentas das policias militares na intenção de manter “A pseuda ordem” e calar a voz de quem contesta um status quo a beira do inaceitável e tantas outras medidas impopulares que nos remetem ao período iniciado em 1964 e findado em 1985.
É claro que a nossa jovem democracia sempre foi um tanto frágil, convalescente e que a elite nacional manteve a dinâmica de grande desigualdade social, porém os movimentos sociais, sindicais, parte da sociedade civil como um todo conseguiram avanços significativos que nacionalmente vem sido postos em riscos pelo Sr º. Michel Temer , que ocupa de forma nada palatável a presidência do Brasil, e seus séquito de escudeiros e que por incrível que pareça ainda encontram alguma ressonância em uma parte da população que se visualiza apoiadora e não vítima, e embasada em ranços e preconceitos classistas de quem não entendeu que a elite só se forma por quem têm os meios de produção ou esta na esfera decisiva e que na realidade um emprego diferenciado em termos de salário, ou uma empresa de pequeno porte não viabilizam a mudança para o extrato social da “ELITE”.
Mas como a transformação é permanente, em meio a uma visualizável inércia de uma maioria, os jovens e suas ocupações em escolas públicas vêm se transformando em medida alentadora e portadora de esperança. O frescor juvenil revestido de tanta maturidade e conscientização encontrado no discurso proferido pela menina Ana Júlia do Colégio Senador Manoel Alencar Guimarães diante dos Deputados Estaduais do Paraná, mais do que emocionar a mim e a todos que assistiram nas redes sociais, reforça o que disse o magistral Florestan Fernandes na citação acima e deixa em alto e bom tom a todos que compõe esse governo transitório e inadequado, de que a supressão de direitos adquiridos ou simplesmente a profusão maciça de medidas impopulares não passarão sem luta e resistência.
Que esse frescor juvenil e consciente nos enebrie, que aprendamos com esses jovens que estão ocupando espaços seus e reivindicando melhorias na educação e que contestam absurdos monstruosos como a PEC 241 e possamos também somar na resistência para garantir a transformação que contemple o povo e não apenas a casta de privilegiados que historicamente nada fazem para desfrutar as benesses que “literalmente” roubam do restante da sociedade.


BIBLIOGRAFIA:
FLORESTAN FERNANDES
COLEÇÃO: GRANDES CIENTISTAS SOCIAIS
ORGANIZADOR: OCTAVIO LANNI