segunda-feira, 31 de julho de 2017

A Inércia é sua, a conta é nossa



Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS









A inércia é sua, a conta é nossa


Iniciando a leitura da obra “Os Bestializados” de José Murilo de Carvalho, na introdução visualizo uma frase que instantaneamente me faz pensar o momento que estamos vivendo em termos políticos no Brasil.
Todo sistema de dominação, para sobreviver, terá de desenvolver uma base qualquer de legitimidade, ainda que seja a apatia dos cidadãos.”
(José Murilo de Carvalho)

Essa frase é mais do que emblemática para o texto que produzo e começo a compartilhar com o leitor, ela é o próprio reflexo da inércia que engloba enorme parte da população brasileira frente a desfaçatez de um governo federal golpista e autodestrutivo que começa, tal como efeito dominó, a dar sustentabilidade a governos estaduais e municipais a seguirem um verdadeiro genocídio ao estado (combalido) de bem estar social brasileiro.
O livro “Os Bestializados” do Professor José Murilo de Carvalho é uma revisita a um período histórico de longa data da cidade do Rio de Janeiro, mas o quesito da apatia dos cidadãos, parece extremamente atual e disseminado em todo território nacional.
Pegando o recorte do funcionalismo público e em especial o funcionalismo gaúcho, o que estamos vivenciando na administração do Governador Sartori é algo que ultrapassa as barreiras do terrorismo psicológico e da surrealidade administrativa.
Parcelamento de salários, parcelamento do 13º salário, total sucateamento da educação, saúde e segurança que são pilares básicos que um estado que zela pelo cidadão deveria atender caíram por terra, já nos primeiros meses de uma pífia administração que sem nenhuma dúvida é a pior que o estado do RS presenciou.
Os choques neoliberais desde os primeiros dias de governo, em momento algum alavancaram a economia gaúcha, cuja situação ficou ainda mais claudicante com uma administração austera  (menos para Corte e amigos do Rei) pois as metas da equipe de Sartori no sentido de desenvolvimento, beiram a galhofa e o descrédito total.
E diante de tudo isso uma imensa massa de funcionários que no primeiro dia do calendário de pagamentos receberam a quantia de R$ 650,00 tendo que escolher se pagam a conta de luz ou de água, pois essas entidades fornecedoras desse serviço básico não os fornecem sem a devida quitação, ou se compram comida, não apenas votaram nesse governo anedótico como em um efeito digno de filme de zumbis, comparecem aos seus locais de trabalho como se nada estivesse acontecendo e o que é pior, sequer cogitam a possibilidade de declararem um estado de greve, muitas vezes atacando seus colegas que lutam por si e por eles.
Esse estado de inércia, com boas leituras pode ser desvendado, pois ao longo da história brasileira ele se repete com certa frequência.

 E desta forma a conta que muitos desinteressados e que adoram se declarar como apolíticos cada vez aumenta o valor e infelizmente na hora de ser paga cobra a todos nós, independentes de constantemente lutar por dias melhores.