quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Greves, Lutas e Inimigos na Trincheira



Daniel da Luz Machado é Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu e Bacharelando em Ciências Sociais pela UFRGS



Greve, Lutas e Inimigos na Trincheira


          Nas duas últimas semanas dividi o meu tempo entre as aulas no Curso de Ciências Sociais na UFRGS, algumas atividades como assistir a um seminário de ações afirmativas e um lançamento do livro “Ricos podres de ricos” do Professor Antônio David Cattani e militância em relação a greve que os educadores do RS estão realizando, mas o porquê desse relato ao meu querido leitor.
     Em um primeiro momento minha militância de educador e minhas atividades acadêmicas talvez não se embriquem, mas é justamente o contrário que me instiga a essa reflexão.
       No lançamento do excelente livro “Ricos podres de ricos” do Professor da UFRGS Antônio David Cattani, eu e os demais presentes fomos contemplados com uma excelente palestra de Cientistas Sociais, Aliás Ciência é algo que parece não ter mais vez em tempos TEMERÁRIOS, pois cada vez o ato de pensar e produzir reflexões sofre com a perda de recursos, mas voltando a palestra sai dela ainda mais convicto que boa parte dos oprimidos repetem o discurso do opressor, e não apenas o discurso, mas seu ideário e sistemática de ações.
       O Seminário de ações afirmativas realizado em dois dias, também trouxeram a tona fatos angustiantes. Alguns conhecidos e outros explicitados com maior amplitude e também nesse seminário a certeza de que o fã clube dos opressores aumenta cada vez mais.
E chego na minha terceira citação em termos de rotina que é justamente a greve dos educadores, greve essa originada em função da perda total da nossa dignidade, pois perante ao atual governo do estado, o funcionalismo público menos ( a elite judiciária e legislativa) não precisa de salários. Antes que algum incauto tente me alertar das destinações independentes dos poderes na questão orçamentária, friso que a independência, ainda que prevista na lei, recorre em termos de arrecadação a uma única fonte, portanto os argumentos podem ser legais, mas no mínimo não mantém o bom senso e o princípio da isonomia, mas sem ser prolixo e indo ao ponto comum entre minhas três citações, também na greve presenciei que boa parte de servidores que igualmente são aviltados, além de não aderirem a uma luta que é de toda categoria, também somam-se aos mesmos que os oprimem e sendo assim fazem do seu egocentrismo e ideário opressor, destituído de qualquer sentimento de classes uma tônica triste e inapropriada. Defendem os donos do poder, defendem o ideário de uma classe a qual não pertencem e tudo isso me leva de volta aos seminários assistidos e principalmente a leitura do livro “ Ricos, podres de ricos” do Professor Cattani.
       Acreditem na greve dos educadores, alguns educadores assumiram o papel de inimigos na trincheira, não apenas boicotando, como refutando todos esforços de quem está na luta em prol dos direitos que contemplam toda classe. Houve um tempo onde as greves da educação eram prejudicadas pelo anseio de uma parte de educadores em relação ao seu período de férias, porém hoje não é mais essa uma questão impeditiva e ai cito palavras do Professor Catanni em sua palestra que um dos males que estamos enfrentando nessa luta contra o consumismo exacerbado é a de que o ideário neoliberal deixou de ser plataforma de governo para se configurar em ideário de vida pessoal. Deve ser esse o tipo de ideário que perpassa na mente de um educador que boicota o seu colega no ato de uma luta que é de todos.
       Deve ser esse o ideário que faz com que nossas trincheiras componham um bom número de inimigos.
         Deixo essa frase do livro “Ricos, podres de ricos” como reflexão aos colegas que não estão com água no pescoço e no alto do seu egocentrismo refutam quem está de greve e militando pela classe:
“Um indivíduo pode ter posses acima da média e isso não significa nada, uma vez que ele não chega aos pés dos verdadeiramente ricos”.(Cattani, Antônio David pg 25)


      Portanto sequer combina com uma classe tão defasada em termos de remuneração a adoção do ideário de uma classe da qual não fazem parte.

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